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Herland: A Terra das Mulheres


Postado em 20.07.2022 00:00


Capa


Autor(es): Charlotte Perkins Gilman

Editora: Via Leitura

Páginas: 160

Idioma: português

ISBN-13: 9788567097695

ISBN-10: 856709755X


Esse livro é uma utopia de 1915 que descreve uma sociedade formada unicamente por mulheres.


A história é narrada por um sociólogo, que junto de outros 2 companheiros, fazem uma expedição até esse país. O narrador seria o personagem com a visão mais "neutra" e "científica" dos 3. Um outro é um sulista estadunidense que idealiza as mulheres como criaturas perfeitas e o terceiro é um tradicional "machão".


A autora questiona papéis de gênero por meio do choque cultural que esses 3 personagens têm com as nativas.


É uma história interessante, mas muito dos questionamentos que a autora levanta sobre as questões de gênero não foram novidade para mim. Já esperava alguns deles.


A sociedade utópica dá uma ênfase muito grande na maternidade. Era o serviço social mais importante para as habitantes. A forma como tudo é organizado em torno da educação da próxima geração me chamou bem mais a atenção do que a questão de gênero em si. Esse tema dialoga um pouco com _A Mão Esquerda da Escuridão_.


> Nenhuma filha daquela terra deparava com a grosseria excessiva que frequentemente dirigimos às nossas crianças. Elas eram pessoas também, desde pequenas; o maior tesouro da nação.


> A princípio, eu havia me perguntado quando iriam para a escola, então descobri que nunca iam. Tudo dizia respeito à educação, mas não havia escola.


Existem alguns temas secundários que também são interessantes e infelizmente não foram tão desenvolvidos quanto a questão de gênero. Falo de alguns abaixo.


Relacionamentos amorosos eram radicalmente diferentes, com praticamente nenhuma ideia de posse.


> Agora tinha ficado claro para nós que aquelas mulheres tinham a mais alta, intensa e delicada ideia de privacidade, e nem a mais vaga noção da _solitude a deux_ que tanto apreciamos. Todas elas pareciam defender a teoria de quartos e banheiros separados. Desde a mais tenra infância, cada uma tinha uma suíte própria, e um dos marcos de entrada na vida adulta era a adição de um cômodo onde receber as amigas.


> — Mas _estamos_ sozinhos, querido - Ellador me explicou com toda a paciência. — Estamos sozinhos nesta enorme floresta; podemos comer em qualquer lugar: só eu e você, ou em uma mesa separada, ou ainda cada um em seu quarto. Como poderíamos ficar ainda mais sozinhos?


> Tínhamos nossa solidão mútua e agradável enquanto trabalhávamos, e longas e agradáveis conversas na casa delas ou na nossa; tínhamos, por assim dizer, todos os prazeres do namoro; mas não havia nada do que acho que poderia ser chamado de "posse".


Patriotismo é brevemente comentado. Esse é outro tema que aparece em _A Mão Esquerda da Escuridão_.


> Nutriam um afeto praticamente universal umas pelas outras, estabelecendo amizades fortes e inquebrantáveis, dedicando sua devoção ao seu país e ao seu povo de uma maneira que nosso termo "patriotismo" não é suficiente para definir.

> O patriotismo em si é compatível com a existência de interesses nacionais negligenciados, desonestidade, uma indiferença fria ao sofrimento de milhões. Patriotismo é em grande parte orgulho e combatividade. O patriotismo em geral envolve sentimentos de superioridade e inferioridade.


Uma religião não baseada na dualidade bem/mal e uma sociedade antipunitivista fecham os temas que considerei interessantes. Como comentei, são temas secundários. O foco é na questão de gênero mesmo.


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